por: WILLIAM TOOMER
equipe ITAGUARI MERECE RESPEITO
A corrupção tem sido uma loteria ao contrário: o vencedor compra o bilhete e espera ser sorteado depois, já o corrupto rouba primeiro porque sabe da grande possibilidade de ficar impune. A impunidade é o pai da corrupção, a mãe é a falta de valores morais: de compromissos sociais e sentimento pátrio entre os que se dedicam à política, que aliás deveria ser a arte de promover o bem entre os seus semelhantes.
equipe ITAGUARI MERECE RESPEITO
A corrupção tem sido uma loteria ao contrário: o vencedor compra o bilhete e espera ser sorteado depois, já o corrupto rouba primeiro porque sabe da grande possibilidade de ficar impune. A impunidade é o pai da corrupção, a mãe é a falta de valores morais: de compromissos sociais e sentimento pátrio entre os que se dedicam à política, que aliás deveria ser a arte de promover o bem entre os seus semelhantes.
A vocação política deveria nascer do sentimento de responsabilidade com a coletividade. Quando essa vocação surge, a vida pública é um sacrifício com o prazer de realizar a obra da construção de dias melhores junto ao seu povo.
O político é um escultor. A escultura é o mundo que ele transforma por sua ação; e sua biografia termina esculpida por suas ações e na sua carreira, há de se confundir: a luta e o resultado obtido, pois a luta política deve ser feita em trincheiras e o interesse político a se realizar no coletivo.
Ao perderem os ideais, os políticos se transformam em carreiristas e os partidos em clubes eleitorais. As bandeiras, causas e idéias foram substituídas por metas eleitorais; os discursos e convencimentos pela manipulação do marketing; e os candidatos e políticos substituíram os líderes e estadistas. A luta foi substituída pelo apego aos cargos.
Sem ideais e sem punição a porta da corrupção ficou escancarada. É isso que vem ocorrendo pelo Brasil a fora.
Muitos ao perderem as convicções e propostas chegaram ao poder e passaram a conviver com a corrupção como um fato natural, não mais um crime da política contra o povo. Ainda mais grave: a política passou a oferecer o magnetismo das benesses e do enriquecimento fácil. A política permite o salto, de um dia para o outro, da sobrevivência com contra-cheque de assalariado para o poder de manejar milhões de reais do dinheiro público.
Coincidindo a impunidade jurídica e a falta de valores morais, a corrupção torna-se um filho natural da política e gera netos hediondos. Um triste produto desse casamento é a quebra da confiança nos políticos e a recusa dos jovens de ingressarem na política. Ainda pior é quando os mais velhos olham com desconfiança para os jovens que desejam fazer política, como se eles quisessem obter vantagens, e não oferecer sacrifício ao país. A política fica sem dignidade e os líderes que deveriam ser exemplos são vistos como aproveitadores.
Enquanto isso, para continuar a enganar o povo, nossos gestores segue a velha formula romana: ofereça pão e circo ao povo e teremos a sua subserviência. E nesse contexto, mesmo faltando o pão, o "circo" está armado.
É necessário romper esse casamento maldito, acabando com a impunidade e consolidando novos ideais. Mas vivemos em um tempo em que os ideais morrem antes que novos surjam. As idéias só se transformam em causas quando o povo às entende e aceita.
A população está dividida entre uma parte pobre interessada apenas na solução dos problemas imediatos e uma parte rica desejosa de manter os benefícios aos quais está acostumada.
Recordamos com ar de saudosistas a campanha da emancipação (1987); a nossa primeira eleição para prefeito e vereadores (1988); a instalação do município (1989). Foram oportunidades impares em que o nosso povo exigiu os seus direitos e os viu respeitados. Época que para se ganhar uma eleição era necessário ter uma bandeira, defender um ideal.
No vazio ideológico dos tempos atuais, não se pode esperar até que novas causas sejam aceitas pela maioria. Por isso, a forma possível de enfrentar a corrupção no momento é romper o casamento maldito pelo lado da impunidade, eliminando-a enquanto os novos valores sociais vão sendo construídos aos poucos pela história. Até a próxima.